Coisa de Mãe

Fazendinha ou ursinho Pooh, eis a questão

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Primeiro, o tema. “João Marcelo, qual será o tema do seu aniversário?” Ele olhou para mim e disse: “Quantos anos vou fazer no meu aniversário, mamãe?” Claro que ele não tinha entendido a pergunta. Afinal, só vai fazer três anos e “tema” não era uma palavra que fazia parte do vocabulário dele até então. Reformulei a pergunta, dando-me conta de que, embora ele fazer três anos, ele ainda só tem três anos. “Filho, a Turma do Cocoricó participou do seu aniversário ano passado, lembra?” Respondeu, sem precisar puxar muito pela memória: “Lembro”. “Pois é, quem você quer que vá este ano? A gente pode chamar o pessoal da fazenda (aquele tema da fazendinha), a gente pode chamar a turma do Pooh (mães sabem do que estou falando)…” Ele disse logo: “Quero os animais na minha festa, uma fazenda bem grande, mamãe!” E eu, orgulhosa, pensei: “Que menino decidido, puxou a mim, claro, sem hesitações, determinado!” Lá fui eu organizar a festa da fazendinha. Avisei ao avô que levaria um verdadeiro zoológico para a casa dele (faço na casa de Vovô Zé todo ano, é a nossa casa de festas). E a fazendinha era viva, tudo bicho de verdade, nada de bonecos. Já havia marcado com a pessoa responsável pela Fazenda, negociado o preço, quando João Marcelo me saiu com essa: “Mamãe, quero que o meu aniversário seja do Pooh!” Desabei no sofá: Para onde tinha ido toda aquela determinação? Fiquei abalada: Afinal, ele tinha herdado essa característica do pai, que não chega a se configurar como indecisão, mas reflete uma certa mudança de opinião repentina, sem mais nem menos, ser ter nem pra quê! Claro que escondi meu desconsolo. Ia ficar tão lindo, pensei. Não disse nada, lembrei-me na hora de que o aniversário era dele, João Marcelo, não da mamãe aqui. Resignei-me à decisão do meu filho e lá fui eu atrás do ursinho Pooh. O avô, que tinha adorado a idéia da fazendinha, detestou a mudança. Quando me ouviu dizer que João Marcelo havia mudado de opinião, olhou para mim, incrédulo: “E um menino de menos de três anos tem opinião, minha filha?” Respondi, automaticamente: “O meu tem”. Ele ficou calado. Entretanto, tenho certeza de que pensou: Essas mães modernas, sei não… E eu: Que bom que muita coisa mudou dos três anos do meu marido para cá… E afinal cheguei à conclusão de que é muiiiito bom mudar de opinião de vez em quando e ter sua opinião respeitada. Melhor ainda: Foi muiiiito bom respeitar, sem traumas, a decisão do meu filho. Talvez a festinha do Pooh não fique tão linda quanto a da fazendinha, mas tenho convicção de que João Marcelo vai ficar mais feliz. Eu, nem se fala.

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