Não há nada mais intenso do que o brilho do olhar de uma mãe. Pensei sobre isso hoje, quando uma amiga me revelou que está grávida. Ninguém o diria pela barriga… Poucos meses de gestação e a barriga quase não aparece… Mas, se fôssemos mais atentos ao outro, teríamos visto a alegria e o brilho no olhar transbordando.
A maternidade nos transforma. Não, não é um comentário romântico. E eu não tenho nenhum problema em ser romântica. Ela nos modifica mesmo. Claro, há quem deseje ser mãe e fique feliz com a notícia. Há quem não deseje e fique triste. O fato é que, depois de engravidarmos, não somos as mesmas.
Eu perdi meu primeiro filho. Depois dele, não fui mais a mesma. Mesmo minha maternidade não se concretizando naquele momento. Sentir que podemos gerar outra vida dá um sentimento de infinitude. Pode ser um pouco de onipotência… Que seja. A verdade é que a gente se depara com a perpetuação da espécie. Da nossa espécie. E lá vem a prepotência…
Entretanto, existe um outro lado. Para mim, pelo menos. E, ao contrário do que afirmou Machado de Assis (“não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”), em Memórias Póstumas de Brás Cubas, fico pensando que deixo um legado maior que o da “miséria” para as minhas criaturas.
Ou melhor: as nossas filhas e filhos não são, eles mesmos, o nosso legado para esta sociedade? Que sejam um legado de amor.
28 de setembro de 2016