Coisa de Mãe

28 de setembro de 2016

por Christianne Alcantara

Brilho de mãe

Não há nada mais intenso do que o brilho do olhar de uma mãe. Pensei sobre isso hoje, quando uma amiga me revelou que está grávida. Ninguém o diria pela barriga… Poucos meses de gestação e a barriga quase não aparece… Mas, se fôssemos mais atentos ao outro, teríamos visto a alegria e o brilho no olhar transbordando.
A maternidade nos transforma. Não, não é um comentário romântico. E eu não tenho nenhum problema em ser romântica. Ela nos modifica mesmo. Claro, há quem deseje ser mãe e fique feliz com a notícia. Há quem não deseje e fique triste. O fato é que, depois de engravidarmos, não somos as mesmas.
Eu perdi meu primeiro filho. Depois dele, não fui mais a mesma. Mesmo minha maternidade não se concretizando naquele momento. Sentir que podemos gerar outra vida dá um sentimento de infinitude. Pode ser um pouco de onipotência… Que seja. A verdade é que a gente se depara com a perpetuação da espécie. Da nossa espécie. E lá vem a prepotência…
Entretanto, existe um outro lado. Para mim, pelo menos. E, ao contrário do que afirmou Machado de Assis (“não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”), em Memórias Póstumas de Brás Cubas, fico pensando que deixo um legado maior que o da “miséria” para as minhas criaturas.
Ou melhor: as nossas filhas e filhos não são, eles mesmos, o nosso legado para esta sociedade? Que sejam um legado de amor.
gestacao

23 de setembro de 2016

por Christianne Alcantara

Quando falta convicção, não há salvação…

mandamentos
Hoje, pela manhã, a saída para a escola foi difícil. Sempre é. Valentina demora a levantar, depois curte um banho longo e, pra completar, pensa bastante antes de escolher a roupa da escola. Detalhe: a escola exige farda. Especialmente hoje, entretanto, ela já acordou sendo grosseira com o pai, chorou e brigou com ele, não necessariamente nessa ordem. Depois de eu ter colocado muita psicologia em prática, ela foi pedir desculpa:

– Desculpa, papai, eu não faço mais.

Conflito resolvido. Podemos agora agilizar a saída? Afinal, preciso trabalhar (pensei, eu, com meus botões). Mas, como o recurso da palavra mágica tem que ser repensado, ela completou:

– Eu já pedi, mas não vou mais ficar preocupada quando ele estiver fora de casa e demorar a chegar.

Segundos de surpresa da minha parte. Mas, o pai não achou pouco que ela tenha me surpreendido. Ele próprio, Marcelo, meu digníssimo companheiro, resolveu fechar com chave de ouro. Embora criados como católicos, nós não praticamos o catolicismo (apesar de nossos filhos serem batizados, claro). Nunca levamos as crianças à igreja (a não ser no dia dos batismos) e me considero agnóstica (uma teísta agnóstica, diga-se de passagem). Entretanto, momentaneamente convicto (aliás, convicção é o que não falta neste país, recentemente) de que estamos educando errado, Marcelo disparou:

– Isso é porque não vai à igreja, não tem religião, não aprendeu a honrar pai e mãe… Não aprendeu os 7 mandamentos…

Parou, pensou.
A essa altura, eu já me retirava discretamente do recinto, sem me conter e querendo evitar que Valentina me visse rindo…

– Ah, os 10 mandamentos…

Completou. Dessa vez, sem muita convicção…

20 de setembro de 2016

por Christianne Alcantara

Um encontro com o autor

Ontem, levei João Marcelo e Valentina para um encontro emocionante. Pedro Bandeira, autor de livros que li ao longo da minha infância e adolescência, estava numa sessão de autógrafos na Livraria Cultura. João Marcelo, que já leu A Droga da Obediência, estava encantado por encontrar o escritor de todas aquelas aventuras protagonizadas pelos Karas. Valentina me fez comprar Gente de Estimação para pegar um autógrafo também. Gabi e Guilherme, amiguinhos dos meus filhos e pequenos leitores, também estavam lá. Eu, emocionada. Tive tanta vontade de chegar pertinho de Pedro Bandeira e dizer o quanto amava seus livros e que ele foi um dos autores que mais li na minha adolescência, ao lado de Carlos Heitor Cony, Érico Veríssimo… Mas, como boa adulta, tive vergonha. Meu filho falou por mim. Ao receber os autógrafos dos dois livros, disse:
– Minha mãe lia seus livros.
Ele, simpático e sorridente, perguntou:
– Mesmo? E você, quantos anos tem?
João Marcelo:
– Tenho 10.
Pedro Bandeira:
– E já leu livro desse tamanho?!

João Marcelo, Valentina, Gabi e Guilherme estavam radiantes com o encontro. Eu não tirava os olhos do autor, mais feliz que qualquer outra criança que estivesse presente ali…
os-karas-pedro-bandeira

14 de setembro de 2016

por Christianne Alcantara

Um exercício de empatia

Meu filho de 10 anos pede pra Dani Amado, professora de Natação: “A gente pode treinar hoje como nas paraolimpíadas?”
E passa a aula todinha nadando com os braços cruzados por dentro de uma camisa, só usando as pernas. Eu pergunto sobre a experiência e ele responde: “É muito difícil”.
E segue sem usar os braços.
Desculpem a corujice, mas é muita sensibilidade para uma criança só.
paraolimpiadas

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